14
ANOS APÓS DESCRIMINALIZAR TODAS AS DROGAS, É ASSIM QUE PORTUGAL ESTÁ NO MOMENTO
Por Oro
Mendes (Atualizado em 07.02.2018)
Disponível
em: https://awebic.com/democracia/como-portugal-descriminalizou-as-drogas-e-e-um-exemplo-para-o-mundo/
Se
no Brasil a discussão sobre a descriminalização do consumo das drogas anda
a passos lentos há muitos anos, em Portugal (é, naquele país que as piadas
xenófobas dizem ser de pessoas burras), este debate já foi superado há muito
tempo e as soluções não poderiam ter sido melhores.
A
descriminalização das drogas em Portugal ocorreu em julho de 2001 e o seu
modelo é referência mundial no que diz respeito ao tratamento de dependentes e
à redução da violência acarretada por considerar crime o consumo de qualquer
droga.
Mortes
relacionadas à drogas raramente acontecem em Portugal.
O
gráfico acima mostra o número de mortes relacionadas à drogas ao longo dos
últimos anos.
Todas
as drogas e não só a maconha
O
primeiro ponto importante do modelo político de combate às drogas (e não aos
usuários delas), é o fato de que não se discutia a liberação apenas da maconha,
mas sim, de todas as drogas, sendo todas elas entendidas como questão de saúde
pública e não de polícia.
Além
disso, a legislação portuguesa estabelece um limite de porte uniforme para
qualquer droga, tendo sido definido em 10 doses diárias.
Ainda
que produzir ou comercializar qualquer tipo de droga continuem sendo entendido
como crime, a lei portuguesa avançou no sentido de que considera tratar os
dependentes muito mais importante do que prender os traficantes.
Uso
de drogas entre todos os adultos dividido por “toda a vida”, “ano passado” e
“mês passado”.
É
bom salientar que nestes pontos a política de drogas do governo português é
completamente diferente da descriminalização da maconha no Uruguai, que se
trata de um modelo mais semelhante ao que é proposto para o Brasil.
O
que acontece ao ser flagrado com drogas em Portugal?
A
polícia portuguesa ainda tem o poder de flagrar pessoas portando drogas,
afinal, é bom esclarecer que a droga continua criminalizada, ou seja, ainda é
questão de polícia, mas o seu consumo é que não é mais entendido como ato
criminoso.
O usuário que for pego pela polícia portanto qualquer tipo de droga em Portugal é encaminhado à Comissão de Dissuasão da Toxicodependência (IDT), geralmente formada por três pessoas, uma advogado, um médico e um trabalhador social.
Taxa
de uso contínuo de drogas entre todos os adultos.
O
papel da comissão é recomendar o tratamento, apresentar as opções que o usuário
tem se quiser largar o vício, mas jamais vão punir qualquer pessoa que esteja
portando no máximo dez doses diárias da droga que consome.
Os
resultados da descriminalização do consumo das drogas em Portugal
Em
2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o dado de que 40 mil
toxicodependentes estão em tratamento neste momento e estima que o sistema já
tenha atendido a mais de 400 mil pessoas em catorze anos de existência.
Além
de apresentar a possibilidade de tratamento aos dependentes, a nova política
adotada por Portugal se refletiu nos resultados dos mais diversos setores, como
segurança e a saúde.
A
segurança melhorou principalmente em três aspectos:
1) tirou
dos policiais a preocupação de correr atrás de usuários e permitiu que ficassem
mais focados em prender traficantes e produtores;
2) causou
a redução da quantidade de crimes cometidos para pagar o consumo de drogas;
3) diminuição
do número de presidiários.
Já
sob o ponto de vista da saúde, o principal avanço da política portuguesa, além
de oferecer tratamento a dependentes, fica sob o aspecto da redução de danos,
seja ao próprio usuário ou aos seus familiares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário