Massagem e Santo Daime mudam rotina de presos em Rondônia

Massagem e Santo Daime mudam rotina de presos em Rondônia
THIAGO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO

Massagem
[...] Os cerca de cem detentos atendidos atualmente pela Acuda (Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso) chegam à sede da ONG em forte escolta policial. Eles vêm de diferentes presídios estaduais, incluindo o de segurança máxima, Aruana.
Por volta das 7h30, todos ficam livres das algemas e restam apenas dois agentes penitenciários, que permanecem do lado de fora da ONG. “Eu ajudo a cuidar dos presos. Os agentes entregam para nós e vão embora”, conta Olívio de Andrade, que trabalha na ONG desde que sua pena progrediu para o regime domiciliar
O pátio de terra em torno do qual ficam a administração, o salão terapêutico e os outros espaços da organização é ocupado pelos detentos, que circulam e conversam antes da meditação.
Após abandonar as sandálias, cada homem posiciona seu colchonete no salão de cimento queimado e, em absoluto silêncio, ouve as instruções para começar mais uma sessão de massagem.

Santo Daime
Mensalmente, de 15 a 20 detentos recebem autorização judicial para participar de um retiro espiritual do Santo Daime. A cerimônia acontece numa chácara em Ji-Paraná, a segunda maior cidade de Rondônia, a 373 km de Porto Velho. A experiência começou há menos de dois anos.
O chá da ayahuasca possui propriedades alucinógenas e é utilizado em vários países da região da Amazônia. Relatos de missionários jesuítas mostram que a planta fazia parte de rituais de populações indígenas antes da colonização. Durante o século 20, movimentos religiosos passaram a utilizar a bebida em seus rituais. Em 2010, uma lei federal regulamentou seu uso para fins religiosos.
Durante o ritual do Santo Daime, é comum que os presos “reencontrem” suas vítimas. “Vi a mulher que matei como se fosse a minha filha”, diz Ceumiro de Almeida. Em uma das experiências que teve, viu-se morto, rodeado no caixão por seus familiares, que choravam. “Ouvi uma voz que me disse: foi desse jeito que você fez muita família sofrer”, conta o detento. “Muitas vezes eu chorei naquele chá, coisa que eu nunca tinha feito.”

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http://arte.folha.uol.com.br/treinamento/2014/11/30/violencia-tem-cura/porto_velho.html