PESQUISA NOS EUA CONCLUI QUE A LIBERAÇÃO DA
MACONHA MEDICINAL NÃO AUMENTOU SEU CONSUMO ENTRE ADOLESCENTES
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Imagem obtida no site:Hypescience |
Pesquisa
financiada pelo “National Institute on Drug Abuse” da Universidade de Columbia (Mailman
School of Public Health, New York State Psychiatric Institute), publicada na
Revista “The Lancet Psychiatry” no último dia 15 de junho, conclui que:
Nossos resultados, consistentes
com evidências anteriores, sugerem que a aprovação de leis estaduais sobre o
uso da maconha medicinal não aumentam o seu uso na adolescência. No
entanto, em geral, o uso por adolescentes é maior nos estados que já aprovaram uma
lei deste tipo, do que em outros estados. (Tradução Nossa).
O estudo cobre um longo período (1991 a 2014). A cada ano faziam
pesquisa nacionais, transversais
com jovens com idades ente 13 e 18 anos, em cerca de 400 escolas a cada ano, nos
48 estados americanos contíguos. Todos os estudos foram revistos e aprovados
pela Universidade de Michigan (Institutional Review Board).
Os
EUA são apontados como o país que mais consome drogas no mundo (Relatório
Mundial sobre Drogas da Organização das Nações Unidas, 2014). Em relação a
maconha, apesar de seu uso estar em declínio no mundo, segundo a ONU, na América
do Norte, o consumo aumentou. Porém, em termos globais o consumo de drogas ilícitas
permanece estável acompanhando proporcionalmente o crescimento da população:
cerca de 5% da população mundial usa drogas ilícitas (243 milhões de pessoas).
Portanto,
o estudo sobre o uso da maconha tem grande importância nos EUA. Desde 1996, 23
Estados norte-americanos e o Distrito de Columbia aprovaram leis estaduais sobre
o uso medicinal da maconha. Essa aprovação gera discussões como: os jovens vão
entender que podem usar maconha por ser inofensiva e vai aumentar o uso. Estudos
de O’Keef e colegas (2008) afirmam que se trata de um mito. Já Thurstone e
colegas (2001) desenvolveram estudo apontando que aumenta o uso.
O
estudo de que estamos tratando se refere a relação entre as leis estaduais de
maconha medicinal e uso de maconha na adolescência. Foram 24 anos de dados obtidos
por meio de questionários anuais (1991-2014) que incluíram mais de 1 milhão de
adolescentes de 48 estados contíguos, dos quais 21 aprovaram leis sobre o uso
da maconha medicinal até 2014.
A aprovação do
uso medicinal da maconha pode favorecer o aumento do consumo. Parece óbvio que com
o a liberação do uso medicinal vai aumentar a procura, portanto, vai aumentar o
consumo da maconha (pelo menos sob a forma de medicamento e quem não tem acesso
ao medicamento vai em busca da maconha em natura). Claro que se as organizações
de saúde dizem que determinado produto tem efeito importante para o tratamento
e cura de certas doenças, vai haver maior procura de tal produto. O que não
significa, que a lei deve retroagir à proibição ou mesmo não ser implementada onde
ainda não foi. Se o raciocínio fosse este último, teríamos que banir das farmácias
brasileiras os medicamentos analgésicos.
Porém o que esse estudo aponta de novo: o uso de maconha não se alterou significativamente após
a aprovação da lei de uso medicinal. Onde houve aumento não foi relevante estatisticamente. A tabela que os autores colocam no artigo
científico indicam resultados interessantes: entre os estudantes do oitavo ano
o uso de maconha diminuiu dois pontos percentuais após aprovação da lei liberando
o uso medicinal; no décimo ano o aumento foi de 0,33%; e no décimo segundo ano,
o consumo diminuiu 0,66%.
Concluem
os pesquisadores: “os nossos resultados sugerem que as leis de maconha
medicinal não influenciaram suficientemente para aumentar o uso de maconha na
adolescência” (Tradução Nossa).
Nós do NUCED defendemos a liberação imediata e
permanente do uso medicinal da maconha, e que os medicamentos sejam aqui
fabricados aproveitando o plantio já existente e conhecido até das autoridades
policiais.
Ao invés de se queimar plantas de modo indiscriminado. Devemos exigir que não se cometa esse crime ambiental destruindo uma planta que, comprovadamente, guarda em si a cura e alívio de várias doenças como aponta o médico Drausio Varela:
- Náuseas (tratamento das náuseas
provocadas pela quimioterapia do câncer);
- Anorexia e caquexia associada à AIDS (melhora
do apetite e o ganho de peso);
- Dores crônicas (dronabinol, derivado da maconha comercializado
em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor);
- Inflamações (THC
e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório);
- Esclerose múltipla (THC
combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono);
- Epilepsia (pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha
com teores altos de canabidiol).
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), liberou desde o dia 14 de
janeiro de 2015 o uso do canabidiol, substância presente na maconha, para fins
medicinais. Saiu da lista de substâncias proibidas e
entrou na lista de uso controlado (como um remédio de tarja preta). Em outras
palavras, a venda está proibida, salvo se algum médico receitar. Porém, nem
assim alguém vai encontrar medicamentos com essa substância nas farmácias,
porque não é fabricada no Brasil. Apenas um laboratório estrangeiro pediu permissão a Anvisa para importar e comercializar um dos remédios que contém o canabidiol.
Na
prática os brasileiros que quiserem obter maconha para uso medicinal continuam
tendo de ir atrás de lugares onde se vende ilegalmente a maconha, com todos os
riscos dessa atitude. No mínimo é caricato como se legisla em "prol" da nossa
saúde.
(Texto
produzido por Ricardo Pimentel Méllo).
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