quinta-feira, 18 de junho de 2015

PESQUISA NOS EUA CONCLUI QUE A LIBERAÇÃO DA MACONHA MEDICINAL NÃO AUMENTOU SEU CONSUMO ENTRE ADOLESCENTES

Imagem obtida no site:Hypescience
Pesquisa financiada pelo “National Institute on Drug Abuse” da Universidade de Columbia (Mailman School of Public Health, New York State Psychiatric Institute), publicada na Revista “The Lancet Psychiatry” no último dia 15 de junho, conclui que:

Nossos resultados, consistentes com evidências anteriores, sugerem que a aprovação de leis estaduais sobre o uso da maconha medicinal não aumentam o seu uso na adolescência. No entanto, em geral, o uso por adolescentes é maior nos estados que já aprovaram uma lei deste tipo, do que em outros estados. (Tradução Nossa).

O estudo cobre um longo período (1991 a 2014). A cada ano faziam pesquisa nacionais, transversais com jovens com idades ente 13 e 18 anos, em cerca de 400 escolas a cada ano, nos 48 estados americanos contíguos. Todos os estudos foram revistos e aprovados pela Universidade de Michigan (Institutional Review Board).

Os EUA são apontados como o país que mais consome drogas no mundo (Relatório Mundial sobre Drogas da Organização das Nações Unidas, 2014). Em relação a maconha, apesar de seu uso estar em declínio no mundo, segundo a ONU, na América do Norte, o consumo aumentou. Porém, em termos globais o consumo de drogas ilícitas permanece estável acompanhando proporcionalmente o crescimento da população: cerca de 5% da população mundial usa drogas ilícitas (243 milhões de pessoas).

Portanto, o estudo sobre o uso da maconha tem grande importância nos EUA. Desde 1996, 23 Estados norte-americanos e o Distrito de Columbia aprovaram leis estaduais sobre o uso medicinal da maconha. Essa aprovação gera discussões como: os jovens vão entender que podem usar maconha por ser inofensiva e vai aumentar o uso. Estudos de O’Keef e colegas (2008) afirmam que se trata de um mito. Já Thurstone e colegas (2001) desenvolveram estudo apontando que aumenta o uso.

O estudo de que estamos tratando se refere a relação entre as leis estaduais de maconha medicinal e uso de maconha na adolescência. Foram 24 anos de dados obtidos por meio de questionários anuais (1991-2014) que incluíram mais de 1 milhão de adolescentes de 48 estados contíguos, dos quais 21 aprovaram leis sobre o uso da maconha medicinal até 2014.

A aprovação do uso medicinal da maconha pode favorecer o aumento do consumo. Parece óbvio que com o a liberação do uso medicinal vai aumentar a procura, portanto, vai aumentar o consumo da maconha (pelo menos sob a forma de medicamento e quem não tem acesso ao medicamento vai em busca da maconha em natura). Claro que se as organizações de saúde dizem que determinado produto tem efeito importante para o tratamento e cura de certas doenças, vai haver maior procura de tal produto. O que não significa, que a lei deve retroagir à proibição ou mesmo não ser implementada onde ainda não foi. Se o raciocínio fosse este último, teríamos que banir das farmácias brasileiras os medicamentos analgésicos.

Porém o que esse estudo aponta de novo: o uso de maconha não se alterou significativamente após a aprovação da lei de uso medicinal. Onde houve aumento não foi relevante estatisticamente. A tabela que os autores colocam no artigo científico indicam resultados interessantes: entre os estudantes do oitavo ano o uso de maconha diminuiu dois pontos percentuais após aprovação da lei liberando o uso medicinal; no décimo ano o aumento foi de 0,33%; e no décimo segundo ano, o consumo diminuiu 0,66%.

Concluem os pesquisadores: “os nossos resultados sugerem que as leis de maconha medicinal não influenciaram suficientemente para aumentar o uso de maconha na adolescência” (Tradução Nossa).

Nós do NUCED defendemos a liberação imediata e permanente do uso medicinal da maconha, e que os medicamentos sejam aqui fabricados aproveitando o plantio já existente e conhecido até das autoridades policiais.

Ao invés de se queimar plantas de modo indiscriminado. Devemos exigir que não se cometa esse crime ambiental destruindo uma planta que, comprovadamente, guarda em si a cura e alívio de várias doenças como aponta o médico Drausio Varela:

- Náuseas (tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia do câncer);

- Anorexia e caquexia associada à AIDS (melhora do apetite e o ganho de peso); 

- Dores crônicas (dronabinol, derivado da maconha comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor);

- Inflamações (THC e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório);

- Esclerose múltipla (THC combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono);

- Epilepsia (pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com teores altos de canabidiol).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), liberou desde o dia 14 de janeiro de 2015 o uso do canabidiol, substância presente na maconha, para fins medicinais. Saiu da lista de substâncias proibidas e entrou na lista de uso controlado (como um remédio de tarja preta). Em outras palavras, a venda está proibida, salvo se algum médico receitar. Porém, nem assim alguém vai encontrar medicamentos com essa substância nas farmácias, porque não é fabricada no Brasil. Apenas um laboratório estrangeiro pediu permissão a Anvisa para importar e comercializar um dos remédios que contém o canabidiol.

Na prática os brasileiros que quiserem obter maconha para uso medicinal continuam tendo de ir atrás de lugares onde se vende ilegalmente a maconha, com todos os riscos dessa atitude. No mínimo é caricato como se legisla em "prol" da nossa saúde.


(Texto produzido por Ricardo Pimentel Méllo).

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