PARA QUE(M) SERVE O SAMU?
O Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências eEmergências no Sistema único de Saúde (SUS),
e a portaria que define a diretrizes do SAMU nos indicam de modo muito semelhante que esse serviço:
“É o componente da rede de atenção às urgências e
emergências que objetiva ordenar o fluxo assistencial e disponibilizar
atendimento precoce e transporte adequado, rápido e resolutivo às vítimas
acometidas por agravos à saúde de natureza clínica, cirúrgica,
gineco-obstétrica, traumática e psiquiátricas mediante o envio de veículos
tripulados por equipe capacitada, acessado pelo número “192” [...].
O que poderia ser considerado como urgência psiquiátrica
está diretamente relacionado as “Diretrizes da Política Nacional de Saúde
Mental”, que inclui “Atenção integral a usuários de álcool e outras drogas”,
por meio da Reforma Psiquiátrica advinda com a Lei Federal 10.216/01.
Como exemplo bem explícito temos a posição da Secretaria de Saúde de Minas Gerais que publicou em seu site a descrição do que é “Atendimento em urgência
psiquiátrica para adulto”:
"O serviço de urgência psiquiátrica atende adultos que
sofrem uma alteração no pensamento (delírio) ou alteração nas ações (atos
agressivos), situações que precisam de atendimento rápido, pois está associado
a risco de vida. São os casos de pessoas que ficam irritadiças sem ter um
motivo aparente e começam a agredir a elas mesmas ou às pessoas que estão a sua
volta.
Este serviço atende pacientes em situação de alteração nas
condições mentais, decorrentes do uso
de drogas (destaque nosso). [...]
Para o atendimento de urgência, deve-se encaminhar o
paciente para as unidades [...] ou chamar o resgate por meio do Corpo de Bombeiros
(193) ou pelo SAMU – Serviço de Atendimento Móvel (192).”
Mas o SAMU em Fortaleza (CE) parece desconhecer suas finalidades no que se
refere a as urgências específicas relacionadas a “saúde mental”.
Com autorização reproduzimos a descrição de uma pessoa que
comprova o que dizemos:
“Queria dar meu boa noite e obrigado ao (não)serviço
prestado pelo SAMU psiquiátrico. Hoje, ao presenciar um episódio onde uma
pessoa claramente apresentava sinais de início de um surto, precisei acionar o SAMU.
Tentei acalmá-lo, mas não funcionava. Passei cerca de 10 minutos ao telefone,
comuniquei o que estava acontecendo e cheguei até a dar o endereço do local.
Depois de tudo isso, perguntaram se o
rapaz tinha feito uso de alguma substância (grifo nosso) e quando
respondi não saber, me colocaram na espera. Bem, [...] após a musiquinha
infinita, me pediram pra ligar pra polícia alegando que esta, CASO JULGASSE NECESSÁRIO,
poderia pedir o auxílio. Insisti dizendo que se eu liguei, é porque era
necessário, mas só ouvi um ‘boa noite’. A polícia chegou depois de horas, tirou o rapaz do local à força (grifo
nosso) [...]. Sorte que um conhecido do rapaz chegou e o levou embora. Fico
aqui me perguntando: e se o rapaz
tivesse sob efeito de drogas? Cabe à polícia decidir o que fazer com ele? (grifo
nosso) Se o consumo de droga fosse um sintoma de mania (ou outro transtorno)?
Quer dizer que levar alguém algemado é a melhor solução? E se ele não tivesse
consumido nada? Nem sei mais o que dizer, só espero que ele fique bem".
Trata-se de um relato importante que só deixa explícito o
despreparo do SAMU (e da Polícia) advindo do preconceito relacionado ao uso
abusivo de drogas.
Este caso foi tornado público, mas certamente, há outros até
com vítimas fatais que nos chegam como relato no NUCED.
“Surto” seja lá por qual motivo ou qualquer outro problema
de saúde onde ocorrem situações agudas ou de crise, inclusive se houver relação
com o uso de drogas lícitas ou ilícitas, deve sim ser motivo de acionamento do
SAMU.
Muito importante difundir essa informação, para que não fique nenhuma dúvida sobre o papel do SAMU
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ResponderExcluirConcordo Cássio, não faz sentido o SAMU trabalhar em suposições moralistas, e esse fato é o exemplo de como outros públicos também sofrem. É uma cultura de indiferença com o sofrimento alheio.
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