PESQUISA APONTA EFEITOS ANTIDEPRESSIVOS DA AYAHUASCA EM PACIENTES COM DEPRESSÃO RECORRENTE
A Ayahuasca (AYA), popularmente
conhecida como "Daime" ou "Mariri", é constituída de um chá feito da mistura de plantas amazônicas, com importante uso religioso seja por etnias
indígenas seja pela população ribeirinha amazônica (p.ex. o Centro de
Iluminação Cristã Luz Universal e o Centro Eclético de Fluente Luz
Universal Raimundo Irineu Serra).
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ayahuasca> |
Quando ainda da existência do Conselho
Nacional Antidrogas (CONAD), este emitiu uma Resolução (Nº 4 - 4 de novembro de
2004), “considerando a importância de garantir o direito constitucional ao
exercício do culto e à decisão individual, no uso religioso da ayahuasca”, reconhecendo a legitimidade jurídica “[...] do uso religioso da ayahuasca, [...]” retirando das espécies vegetais proibidas, até então
mantida por decisão do antigo “Conselho Federal de Entorpecentes – CONFEN” (Resolução, n° 06, de 04 de fevereiro de 1986).
A pesquisa que nos referimos foi
levada a efeito no Departamento de Neurociências e Comportamento, da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo, na cidade Ribeirão Preto, em uma
unidade de internação psiquiátrica com os seguintes resultados:
“Foram observadas reduções
estatisticamente significativas de até 82% nos escores de depressão entre os
valores iniciais e 1, 7 e 21 dias após a administração AYA, como medido na Hamilton
Rating Scale for Depression (HAM-D), the Montgomery-Asberg Depression Rating
Scale (MADRS), e na Anxious-Depression subscale of the Brief Psychiatric Rating
Scale (BPRS).” (p.13) (Tradução nossa).
Concluíram também que a administração
AYA não apresentou mudanças significativas na medição com a Young Mania Rating
Scale (YMRS) nem na subescala de transtorno do raciocínio da BPRS, “[...] sugerindo
que AYA não induz a episódios de mania e/ou hipomania em pacientes com
transtornos de humor” (p.13).
Os principais antidepressivos
disponíveis no mercado são constituídos baseados na hipótese da “monoamina”: sugere que a ocorrência de um desequilíbrio em
monoaminas cerebrais (como a dopamina, a norepinefrina e a serotonina) é
responsável pela sintomatologia depressiva (p.13). A administração desses
antidepressivos têm efeitos adversos como: alteração do apetite e sono,
alterações gastrintestinais (p.ex., diarreia e obstipação), sudorese, retenção
urinária, alergias de pele, alterações no peso, náusea, tontura, tremores. Alguns
podem até, contraditoriamente, ter o efeito de aumentar ansiedade e agitação,
seja nos primeiros dias de tratamento ou por um longo tempo.
Por isso, a pesquisa utilizou a Ayahuasca
(AYA), verificando se ela seria uma potencial candidata para uma nova geração de
antidepressivos, como um fármaco que produziria efeitos imediatos e mais
pronunciados que os antidepressivos.
Estudos citados no artigo verificaram que o uso ritual prologando do chá por membros de
grupos religiosos não fez com que essas pessoas apresentassem problemas psiquiátricos,
psicológicos ou neuropsiquiátricos causados por AYA (p.14). Neste particular
afirmam: “Na verdade, há vários relatos que descrevem que problemas de saúde mental são reduzidas em usuários de AYA” (p.14) (Tradução nossa). Ressalte-se que os estudos são
ainda escassos e estão em seu início.
De todo modo a conclusão da
pesquisa nos anima: “Os resultados do presente estudo demonstram que AYA tem
efeitos antidepressivos agudos significativos e bastante impressionantes” (p.
17) (Tradução nossa).
Referência:
— Osório, F. de L.;
SANCHES, R. F.; MACEDO, L. R. H.; SANTOS, R. G.; OLIVEIRA, J. P. M.; WICHERT-ANA,
L.; ARAÚJO, D. B.; RIBA, J. ; CRIPPA, J.A.S. ; HALLAK, J. E. C. Antidepressant
effects of a single dose of ayahuasca in patients with recurrent depression: a
preliminary report. Revista Brasileira de
Psiquiatria. São Paulo, v. 37, p. 13-20, 2015.
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