A VOLTA DOS MANICÔMIOS?
A Coordenação
Geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde foi ocupada hoje (Terça-feira, dia 15/12/2015) por participantes da
Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA) e de outros
coletivos que são contrários a volta dos manicômios e defendem a rede de
atenção psicossocial, em manifestação contrária a nomeação do coordenador de
Saúde Mental, o psiquiatra Valencius Wurch Duarte Filho, pelo ministro da Saúde
Marcelo Castro (PMDB-PI).
Vejamos o currículo do Sr. Valencius: opositor histórico do movimento
antimanicomial, foi diretor do maior manicômio privado da América Latina (“Casa
de Saúde Dr. Eiras”), de 1994 até início dos anos 2000, conhecido como “Manicômio
de Paracambi”, que foi fechado em 2012 após inúmeras denúncias de graves
violações de Direitos Humanos e mortes por negligência. Em 01/07/2001, o jornal
Folha de São Paulo, chamou esse manicômio de Casa dos Horrores.
São inúmeras as histórias de terror manicomial que devem ser
conhecidas para que não voltemos a sustentar essa ideia, assim como combatemos qualquer
tentativa de holocausto. Veja por exemplo a história do Hospital
Colônia de Barbacena, de onde são as fotos que abrem esse texto.
Você leitor acha que esse currículo é o que imaginamos para alguém
que irá gerir a “saúde mental” em nosso país? Claro que não, pois ameaça todas
as conquistas obtidas na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da ampliação
da rede de atenção psicossocial.
Mas porque então o Ministro da Saúde escolhe um médico que é
a favor da volta dos manicômios, verdadeiros campos de concentração?
Supomos que seja mais uma atitude que visa desmoralizar
todo o sistema de saúde público e gratuito para enfim voltar a privatizá-lo.
Ou seja, estão desmontando a Rede SUS, que nunca ajudaram a que funcionasse
adequadamente, para tentar fazer com que a população acredite que o SUS não é
bom (mesmo sendo modelo elogiado internacionalmente). Claro que temos críticas
ao que temos visto na saúde onde faltam desde medicamentos, a profissionais
competentes., mas isso acontece porque nunca a rede SUS foi definitivamente
implantada.
Agora, o que nesse momento mais falta é ética no Ministério
da Saúde.
Vários protestos estão acontecendo em todo o país contra a nomeação
de Valencius. O Sistema
de Conselhos de Psicologia emitiu nota de repúdio à essa nomeação seguido
de outras associações como a Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Centro Brasileiro de Estudos em
Saúde (CEBES), Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA) e da Rede
Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA).
Não podemos calar diante do absurdo que representa a
nomeação do novo coordenador para a política nacional de Saúde Mental, Álcool e
outras Drogas.
Como em outras situações que representam alguma ameaça ao
cuidado na atenção à saúde das pessoas, o Núcleo de Estudos sobre Drogas (NUCED-UFC),
juntou-se ao Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Drogas (NUD-UFCG) para, publicamente,
se posicionarem também contrários a tal nomeação.
O NUCED participou hoje de uma ampla reunião na cidade de Fortaleza que teve a presença de atuantes
na rede de saúde mental: coletivos, associações, usuários e seus familiares,
bem como trabalhadores da saúde mental, estudantes e professores que repudiaram
a nomeação de Valencius, ao mesmo tempo que estão dispostos a fazer inúmeros
atos que visem denunciar a proposta de desmantelamento do SUS. Nesse sentido às 08 horas do dia 16/12, quarta-feira, na sala do NUCED (Psicologia, UFC-Benfica)
reuniremos estudantes, técnicos e professores de instituições de ensino diversas
para organizar ações que visem sensibilizas os cursos envolvidos com área da
saúde. Vamos preparar uma grande manifestação pública.
JUNTE-SE A NÓS!
SAÚDE NÃO SE NEGOCIA!
Ricardo Pimentel Méllo (NUCED/UFC)
Maristela Moraes (NUD/UFCG)
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