sexta-feira, 23 de setembro de 2016


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USO DE BEBIDA ALCOÓLICA E BEBIDA ENERGÉTICA, COMBINADOS, AUMENTA COMPORTAMENTOS DE RISCO E INTOXICAÇÕES

Já sabemos que o uso abusivo de bebida alcoólica potencializa alguns “comportamentos de risco”, só que quando o uso é associado ao consumo de energéticos, os riscos conhecidos aumentam sua probabilidade de ocorrer: níveis mais elevados de intoxicação alcoólica, dirigir alcoolizado, dirigir sem cinto de segurança, sexo de risco, susceptibilidade ao fumo do tabaco, taxas mais elevadas de compulsão ao álcool, uso abusivo de drogas ilícitas e envolvimento em agressões físicas.

Essa conclusão advém de pesquisa recentemente publicada no “International Journal of Drug Policy”, por Nicolas Droste, Peter Miller, Amy Pennay, Lucy Zinkiewicz e Dan I. Lubman, sob o título “Environmental contexts of combined alcohol and energy drink use: Associations with intoxication in licensed venues”. A pesquisa também concluiu, corroborando outros estudos citadas no artigo, que o uso de bebidas energéticas, pode produzir um aumento no desejo de consumir mais bebida alcoólica quando são associados.

Tendo em vista a heterogeneidade característica dos consumidores de bebida alcoólica e de bebidas energéticas (Consuming alcohol mixed with energy drinks), chamados no artigo de AmED, a pesquisa então se dirigiu para os “contextos de consumo”, ou “ contextos de uso” (address contexts), a fim de compreender a relação entre o consumo de AmED, intoxicação alcoólica e práticas comportamentais ou sociais.

Uma das conclusões da pesquisa é que a maioria do consumo de AmED tem lugar antes ou durante a estada em locais de diversão noturna licenciados (bares, restaurantes, por exemplo). AmED também foi consumida regularmente em casa, embora geralmente como “pré-bebidas”, ou seja, como uma forma de preparar a saída aos bares. Reconhecendo que o consumo AmED foi fortemente relacionada a ambientes de diversão noturna, citam um estudo realizado em Nova York (Wells et al., 2013) que concluiu que o uso de AmED é mais incidente em certos grupos e locais noturnos: “foi significativamente mais prevalente em locais e eventos [...] de clientes LGBTI, em comparação com os indie-rock, warehouse e música eletrônica".

Voltando a pesquisa principal, o objetivo foi analisar as correlações ambientais e níveis de intoxicação associados com AmED em locais licenciados. Foi feita por meio de registros em formulários que detalhavam o número de pessoas em um grupo de consumidores, distribuição por sexo e idade estimada, momento do consumo, tipo de AmED consumido, tipo de bebida alcoólica, drogas ilícitas, padrões de consumo AmED e níveis de intoxicação. Essas observações estruturadas foram realizadas em cinco cidades australianas nas noites de sexta e sábado. As análises estatísticas utilizaram o programa SPSS versão 21.0 para Mac (IBM Corp, 2012).

Foram feitas observações em 68 locais. Todos serviam bebidas energéticas O uso foi observado por 34,9% dos registros de hora em hora e, de modo mais prevalente, após 00:00 e mais em boate que em bares ou pubs, e foi positivamente associado com altos níveis de intoxicação, uso de drogas ilícitas, e população mais jovem. Consumidores AmED tinham idade média estimada em 25,5 anos. Grupos de usuários AmED variaram de tamanho entre 2 e 15 pessoas, com uma média de 4 consumidores por grupo. A percentagem média de homens nos grupos AmED foi de 61,1%.

Corroborou-se a hipótese de que o uso AmED estaria associado positivamente a locais mais movimentados: “observadores notaram aumento da prevalência de uso AmED quando locais continham um maior número de clientes, em geral, quando locais estavam operando mais perto de sua capacidade total”. Essas descrições ambientais alinham-se a motivos de consumo e expectativas para uso AmED e dentre os motivos está ter “energia e resistência para prolongar a festa” o que leva a intoxicações.

De modo específico este estudo concluiu que o uso AmED está positivamente associada ao aumento da intoxicação, práticas de consumo mais arriscadas, e um público mais jovem de consumidores de álcool.

Para além desse aspecto do uso AmED nós que estudamos e pesquisamos consumo de drogas, verificamos que todos os usos lícitos e ilícitos estão associados ao que os autores da pesquisa descrevem no texto e que resumimos a seguir: os clientes se envolvem em “imprudência deliberada”, na busca de satisfação sexual e social ou apreciando o efeito de substâncias em um ambiente social. Nos bares, pubs e clubes o uso de substâncias persegue um “time-out”, ou uma “perda controlada de controle”, que é especialmente atraente em locais que são mais permissivos a tais comportamentos. Essa associação foi evidente no estudo descrito, onde AmED foi mais frequente em locais onde os clientes foram servidos de bebida alcoólica mesmo quando intoxicados, ou em casas noturnas onde a dança e festas com energéticos é norma.

Encontre a pesquisa comentada em:


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