quinta-feira, 11 de abril de 2019




DECRETOS E PROJETOS ASSINADOS POR BOLSONARO NA CERIMÔNIA DOS CEM DIAS constituem-se em atos assombrosos de caças de direitos e atitudes autoritárias. Trata-se de um governo que, com seu quadro de arautos da violência e do autoritarismo, que por estilo, negam-se a remover a venda que lhes impele de adotar políticas que nunca deram certo em lugar nenhum do mundo, ou melhor, deram certo se a intenção é estimular tráfico, corrupção, volta de atitudes manicomiais, destruição do serviço público de assistência e saúde, e destruição de cuidado em liberdade. Afinal, nisso, realmente são competentes.
É assombroso que um governo que devia gerir políticas dignas, tenha ministros que se dispõem a criticar órgãos e entidades que fiscalizam as comunidades terapêuticas, que já contabilizam várias blitzes organizadas pelo Ministério Público Federal e Conselho Federal de Psicologia, denunciando torturas nesses espaços.
É assombroso que no Brasil, se tenha de entrar na Justiça para ter direitos a medicação comprovadamente eficaz, advinda da cannabis.
É assombroso que nesse governo os modos de gerir política sejam por “Twitter” ou decretos sem qualquer debate com quem está em campo há vários anos e se dedica por convicção científica e de caráter solidário ao acompanhamento de pessoas que fazem uso compulsivo, abusivo e/ou recreativo de substâncias psicoativas, com estratégias de cuidado em saúde baseadas em ações terapêuticas libertárias e não preconceituosas/estigmatizantes e, em última instancia, mantenedoras de tratamentos que visam menos o sujeito em suas singularidades, e mais os padrões moralistas de proibição de uso de substâncias.
É assombroso que esse governo minta quando nomina sua política de “Nova Política Nacional de Drogas”, porque, na verdade, retrocede a medidas que, na prática, vão de encontro a toda luta mundial de tratamentos antimanicomiais, restritivos de liberdade que dão a ilusão de que, afastar pessoas de cenas de uso compulsivo, por si, gera abstinência curativa.
Que dia infeliz vivido pelo nosso país hoje!
Mas, todos nós, profissionais de saúde que vivemos nosso trabalho em redes territoriais, buscando nesses espaços articularmos vida, continuaremos nela acreditando e fazendo pulsar esperanças em todos aqueles que cuidamos.

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