O NUCED, por se dedicar a estudos e pesquisas que
se pautam em políticas de Redução de Danos e ainda por defender que recursos
públicos destinados para a saúde devem ser usados na expansão e melhoria do Sistema
Único de Saúde e do Sistema Único de Assistência Social, acompanha a posição de
organizações e movimentos expressa no documento que abaixo divulgamos.
Manifeste-se protestando.
Divulgue o documento e escreva para a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas Ministério da
Justiça: senad@mj.gov.br.
Carta-manifesto acerca do processo de financiamento público
das Comunidades Terapêuticas e outras entidades
Ao Conselho Nacional de Políticas Públicas sobre Álcool e
Outras Drogas
(CONAD)
Manifestamos nossa inconformidade relativa ao presente
processo de consulta pública acerca da Minuta de Regulamentação das Comunidades
Terapêuticas e outras entidades que realizam internação, chamada
eufemisticamente, na referente minuta, de acolhimento de pessoas com problemas
de abuso ou dependência de substâncias psicoativas.
Por mais que se anuncie o objetivo de arejar e democratizar decisões
do Executivo, esse processo desconstrói e deslegitima o diálogo realizado por meio
de outros processos institucionais de participação social, como foram as IV Conferências
Nacionais de Saúde Mental e a 14ª Conferência Nacional de Saúde. Também é uma
afronta ao Sistema Único de Saúde e o Sistema Único de Assistência Social,
responsáveis pela cobertura de atendimento para pessoas com problemas de abuso ou
dependência de substâncias psicoativas. Entendemos
que esse processo busca dar legitimidade a uma atuação paralela que vai contra os
princípios que norteiam as políticas públicas de saúde e de assistência social.
Importante reafirmar que a prática das comunidades terapêuticas carece de
evidências científicas sobre sua eficácia e a minuta não oferece nenhum
parâmetro de avaliação, fiscalização e controle social isento, e, o que é ainda
mais preocupante, mesmo quando recebem financiamento público direto e indireto.
Neste sentido, entendemos que cabe ao Estado brasileiro, por meio de seus órgãos
executores de políticas públicas, controlar e fiscalizar aquilo que contrata e financia,
dando transparência ao montante investido e às medidas de correção de desvio e
de desperdício, quando for o caso. E, quando não financia, o poder público não
pode omitir-se de fiscalizar e adotar medidas cabíveis quando da ocorrência de
violação de direitos humanos.
As entidades em questão não são unidades de saúde, ou seja,
não realizam cuidado em saúde e não estão vinculadas ao Cadastro Nacional de Entidades
de Saúde (CNES), nem estão submetidas às normativas do Ministério da Saúde e, caso
regulamentadas, também não estarão vinculadas ao Sistema Nacional de
Assistência Social, o que as faz praticamente imunes a qualquer forma de controle
técnico profissional e, acima de tudo, social.
A Secretaria Nacional de Política de Drogas, dado o limite de sua
intervenção e a ausência de capilaridade nos Estados e municípios, não tem condições
de realizar o controle, o monitoramento e a fiscalização destas entidades, deixando
descoberta uma dimensão fundamental: o devido e adequado estabelecimento de
critérios que definam a relação do poder público com o setor privado, assegurando
a supremacia do interesse público. O texto
da minuta, portanto, produzirá prejuízos ao avanço das políticas públicas de
atenção e atendimento às pessoas com problemas de abuso ou dependência de drogas,
e configura um retrocesso na reforma psiquiátrica.
Por fim, tendo em vista o amplo histórico de segregação e a ocorrência
de violações dos direitos humanos em comunidades terapêuticas e outras entidades
de acolhimento, seu financiamento e sua regulamentação sob-regras tão permissivas
será um retrocesso para humanização e racionalização da atenção, do cuidado e
do tratamento de pessoas que abusam ou são dependentes de drogas. Além de toda
a fragilidade dessa regulamentação, expostas nessa e em outras manifestações de
conselhos profissionais e atores da sociedade civil, é inaceitável a
possibilidade de legitimação do financiamento público dessas entidades, que se configura
como o objetivo fundamental desse processo.
Assinaturas Manifesto CTs:
Entidades,
Movimentos, Conselhos:
ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva
ABRASME– Associação Brasileira de Saúde Mental
ACSMJV - Associação Cabedelense de Saúde Mental Juntos
Venceremos
Associação Franco Rotelli (Santos/SP)
Associação Inclui Mais
Associação Loucos Por Você (Ipatinga/MG)
Associação Sã Consciência
C.L.Ã - Coletivo de Libertação Artística
CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
CEDECA Sapopemba
Centro de Convivência e Cultura No Trecho
Colegiado Gestor Estadual da Rede de Atenção Psicossocial do
Tocantins
Coletivo Alagoas Antimanicomial
Coletivo DAR (Desentorpecendo A Razão)
Coletivo Pela Defesa do SUS Butantã
Comissão Regional de Direitos Humanos do Conselho Regional
de Psicologia de Minas Gerais
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP/SP
Coordenação de Saúde Mental de Itaguaí
Coordenação de Saúde Mental de Saquarema
CREFITO – SP
CRP/MG Conselho Regional de Psicologia/Seção de Minas Gerais
FMTSUAS - Fórum Municipal dos Trabalhadores do SUAS de Belo
Horizonte
FNDH – Frente Nacional de Drogas e Direitos Humanos
Fórum Cearense de Luta Antimanicomial
Fórum Cearense de Saúde Mental
Fórum de Saúde Mental das Regiões Leste do Sul e Sudeste SES
MG
Fórum Gaúcho de Saúde Mental
Fórum Mineiro de Saúde Mental
Fórum Saúde Mental de Araras e Região
Fórum Saúde Mental do ABCDMRR
Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo
Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos - RJ (FEDDH-RJ)
Frente Mineira de Drogas e Direitos Humanos
Frente Paraense sobre Drogas e Direitos Humanos
Grupo de Pesquisas em Política de Drogas e Direitos Humanos
da UFRJ
LEIPSI – Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre
Psicoativos / UNICAMP
MNLA - Momento Nacional de Luta Antimanicomial
MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos
Movimento pela Revitalização e Despoluição do Rio do Antônio
NEIP - Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre
Psicoativos
NESM-BA - Núcleo de Estudos pela Superação do Manicômio
Núcleo centro-leste da Frente Antimanicomial
Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública
de São Paulo
Núcleo de Estudos Pela Superação dos Manicômios - NESM (BA)
Núcleo em Defesa dos Serviços Públicos Oeste - Município de
São Paulo
Núcleo Estadual de Luta Antimanicomial Libertando
Subjetividades (PE)
Núcleo Libertando Subjetividades (PE)
OiA - Observatório de Saúde Mental, Drogas e Direitos
Humanos OUVIDORIA SUS -Bragança paulista
REDE – Rede Estadual de Saúde Mental e ECOSOL SP
Rede Social Cambuci
REDUC - Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos
Humanos
RENILA – Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial
Serviço de Obras Sociais de Guaíra – SP
Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado do
Tocantins.
SINPSI – Sindicato dos Psicólogos SP
UNISOL – Central de Cooperativas e Empreendimentos
Solidários
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