PENA DE
MORTE NÃO INIBE VENDA E CONSUMO DE DROGAS ILEGAIS
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Fonte:<https://indymedia.org.au/2013/11/21/indonesia-executes-fifth-drug-trafficker> |
Bali é uma
das 13 667 ilhas que integram a Indonésia. Além de a conhecermos como um
destino turístico, temos tido notícias deste país por conta da prisão de dois
brasileiros condenados a prisão perpétua por tráfico de drogas. Um já foi
assassinado (fuzilado) no último dia 17 de janeiro e o outro aguarda esse momento
preso.
Em matéria
jornalística publicada na “Folha de São Paulo”, domingo, dia 05/4/2015, a jornalista Karla Monteiro, enviada especial a
Indonésia afirma: “[...] a lei que mata
não diminui o tráfico nem o consumo. Aumenta a propina ”. A jornalista conta
que conseguiu facilmente acesso a compra de ecstasy:
“[...]A droga da moda em Bali é a metanfetamina, popularizada pelo seriado
americano ‘Breaking Bed’”. O país que
criou e financiou a política de "Guerra às Drogas", por ironia, também é o que
estimula o consumo por meio de sua arte cinematográfica. Karla Monteiro conta
mais da sua visita jornalística: “[...] Após poucos minutos de papo [com um barman],
estou com uma pílula de ecstasy na
minha frente”.
Em matéria
datada de 21/01/2015 e assinada por Amanda Campos, o portal de notícias “IG” também publicou matéria jornalística sobre o assunto com o título: "Mesmo
com pena de morte, uso de drogas na Indonésia deve crescer 45% em 2015". A
porcentagem é muito alta para um país que aplica pena de morte a esse crime. Segundo
o texto publicado isso corresponde a 5,8 milhões, ou 3% da população Indonésia.
Um dos
mais respeitados órgãos da ONU, o “Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crime” (UNODC), é contrário a esse tipo de política. A matéria dá ênfase a essa
posição publicando manifestação de Rafael Franzini, representante no Brasil do
Escritório: “Não há evidências confiáveis que atestem a eficácia da pena de
morte em prevenir crimes. O próprio fato de as pessoas, mesmo sabendo desse
tipo de pena, continuarem a cometer crimes, é prova disso".
Continuamos
aliados a todos e todas que sustentam que os usos abusivos e problemáticos de
drogas legais ou ilícitas devem ser enfrentados com políticas de saúde
informativas e com profissionais da área capacitados. Simplesmente continuar a “endurecer”
penas transformam as cadeias em depósitos de consumidores, que também lá terão
acesso ao uso sem contar com apoio de profissionais da saúde e continuarão a
mercê da corrupção e do tráfico.
Corroborando
com o que defendemos a mesma “Folha de São Paulo” publicou entrevista com a
jornalista Kathryn Bonella, que publicou três livros sobre o tráfico de drogas
na Indonésia. O título na matéria é: “Presídio é o lugar mais seguro para o tráfico de drogas em Bali, diz a jornalista”.
Bonella narra histórias de corrupção envolvendo a polícia, a máfia e a justiça na Indonésia: “Para condenados à morte, essa hipocrisia é devastadora. Um nigeriano
que conheci em Kerobokan me disse que estava sendo consumido pelo ódio vendo os
mesmo s guardas que o prenderam negociando drogas na cadeia”.
Quando
perguntada pela Folha quanto se deve ter no bolso em caso de prisão por porte de drogas, Kathryn Bonella responde: “Não há tabela fixa. Se for preso em casa ou no hotel é mais barato
no que ser pego no aeroporto. Na última década, os preços subiram. Agora, nada
é menos de R$32 mil”.
Esse é o
preço mínimo par evitar a prisão. Quanto à saúde da população, testagem do que
se consome... Ao que parece, não há preço, nem preocupação com isso. No Brasil,
há muitas semelhanças, especialmente quando verificamos a situação de prisão de jovens
negros e empobrecidos.
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